31/05/2011

Metafísica incidental

Essa poesia foi capaz de me render 3 recados na rede de relacionamentos do orkut e, segundo constava neles, fama numa pequena cidade do interior do Paraná. 

Nem preciso observar que a fama numa pequena cidade do interior do Paraná é na verdade comentários num grupo de poucas adolescentes gordas e sem vida social de uma pequena cidade do interior do Paraná. Como ela é de abril de 2007, hoje as adolescentes gordas e sem vida social já devem ser adultas gordas e sem vida social.
     



METAFÍSICA INCIDENTAL

Invejo-me: não sou o que não devia ser.
Invejo-te: não me és!
Inveja doentia, inveja de impotência, inveja perseverante, inveja renitente.
Verme que me come as estranhas entranhas.

E que essência tem as lembranças senão atrapalhar!
Se boas, deixam saudade; se ruins, despertam vingança...
vingança do destino, vontade ao irrealizável, auto-vingança.

É incrível com a pior das dores não é a pior dor
(e lastimável como o maior dos amores não é o maior amor).
Sementes da infelicidade! Sonhamos além da conta,
Confrontamos valores, mudamos as formas, cores e voltamos às dores!

Então chego à praça e vejo a esquina.
Quanta gente na praça!
Talvez por isso ir à praça é melhor
e talvez por isso a esquina me seduz...

Vivemos equilibrando-nos entre a condição racional e o instinto
até que percebemos que o mundo é feito de sensações (e não pensamentos).
Pois não há técnica que substitua a criatividade,
Não há razão que substitua o amor,
Não há futuro que substitua o presente,
E a melhor metafísica é não haver metafísica nenhuma.

E nesta indisposição pós-sono tropeçamos nos “ses”,
o incerto à si, o incesto e a cisma, o incenso e o surto, o inerte...

Condiciono-me racional racionalmente até atingir o natural não naturalmente.
Pensar para não pensar e assim não haver pesar,
cargas ou descargas da consciência.
Subconsciência sã, ciência insana, consciência paranóica.

Idealizo, então, a inveja da vingança...
                

26/05/2011

Metas!




Eu odeio traçar grandes objetivos. Metas, prazos, planos. Alguém pode até achar que exista um objetivo que mereça esse costume azedo, que ponha fim à longa jornada do autoconhecimento ou que dê sentido absoluto para a vida. Mas, eu nunca acho.

Me contento em resmungar e colocar defeito nas pessoas cheias de planos. Fico aguardando a hora em que vão ver que os objetivos perderam a graça e que eu estava certo. Como uma inteligência superior e idosa que sempre fala pra você não beber com os amigos e aproveitar a vida porque você vai acabar pegando um resfriado. 

Não que eu seja vida loka, carpe diem ou algum hippie bêbado enchendo o saco. As vezes é só preguiça mesmo, junto à crença de que o sentido das coisas está no caminho e não no fim, sendo subjetivo e coisa de viado. 
     

22/05/2011

Diferenças

Bom, não contente com várias poesias imaturas, fui ainda mais além e cheguei ao fundo do poço. Fiz uma poesia concreta. Afinal, nada como levantar da cama e aproveitar a estética ex-vanguardista do pós-modernismo para fazer uma reflexão interiorana e paradoxal sobre o modo de produção atual cinzento-sem-coração que transforma as pessoas em zumbis e cria uma sociedade onde a máxima "Compro, logo existo" é colocada no pedestal. Viva a sociedade alternativa! Viva Che Guevara! Vivam os militantes estudantis que não conhecem higiene pessoal! Eu também vou reclamar!
    
     
Diferenças
   
         
                                  

19/05/2011

Confissão

Você se convenceu de que em 2007 eu era pior? Não? Então veja essa do fim de 2006, onde também já apresentava falta de tino para a coisa:




CONFISSÃO

Não sou ídolo de ninguém,
Não sou fã de nada.
Sou apenas ídolo meu,
fã de mim mesmo.
Não sou nada.

Tudo é relativo,
nada é relatado,
rentável, reto, rateado.

Nem sei se peco,
Se o que ouço é eco,
Eco-fachada.
Sou um eco,
não sou nada

Bêbados já não são escória,
no cachorro já encontro memória.
Envergonho-me com o dom da oratória
na metade de minha história.

E eu que me preocupara com o joelho ralado,
eu que me preocupei sendo apaixonado,
eu que me preocupo com o futuro escancarado,
Relativamente me relaciono,
sou a corda entrelaçada
sou a embalagem lacrada
sou a sirene desligada
Não sou nada.
       

17/05/2011

Primeira vez

Sábado, a Once A Week estreiou para o sucesso! Nada como um público gigante de gente que veste preto e não passa desodorante para abraçar as melodias imaturas e chicletes da banda, desta vez marcadas pela minha falta de habilidade musical. Foi a minha primeira vez no palco, não que tenha tido um palco. Pelo menos dessa vez, ao contrário de após todos os ensaios, não fomos criticados por não cantar em português e não valorizar a língua nativa desse Brasil varonil.

Vale destacar o ponto alto do show, quando tocamos a música de autoria do baterista Dudu, vulgo ddz, e as 10 pessoas não-desmaiadas que estavam no local sabiam cantar a letra. A música é da primeira formação da banda (que não me inclui certamente, graças às linhas tortas escritas por Deus-todo-poderoso) e já tem mais de 10 anos.


Once A Week @ Tio Patinhas

14/05/2011

Paixão

Se vocês acham que hoje em dia escrevo mal, imagine em novembro de 2007, há 4 anos atrás:




Paixão
    
Teu afeto é fato, é feto.
Feto do meu afeto,
do meu amor que veto,
meu possível teto, meu possível feto.

Afetou-me, infestou-me,
Uma festa farta:
fita, fita, fica,
Não te afastes ou nefasta!

Pelo caminho querendo ninho e carinho,
Pela manhã desejando o amanhã,
Pelo saída lembrando a ida.

O doce e o amargo do vinho,
O isolamento e o conforto da lã,
A felicidade e a tristeza da vida.
       

10/05/2011

Leiauti

Acabo de estreiar o novo layout do blog! Mas podem ficar tranquilos, caros leitores, continuo seguidor da modinha lo-fi.

A foto é obra do galã geek luso-brasileiro e monstro sagrado da fotografia viçosense, Felipe Torres. Ele provou que por trás desse seu glamour existe um olhar sensível e um coraçãozinho cariodoso com as pessoas sem capacidade intelectual para colocar uma figura no header, mais conhecido como cabeçalho. Atualmente, ele ocupa a posição de meu veterano e um espaço de grande visibilidade nesse renomado blog. Boa noite, amiguinhos-de-redes-sociais!
   

09/05/2011

colorindo

Esse já tem um tempo, quase ou mais de um ano:




colorindo

pra nós sermos
melhores amigos
falta uma foto,
um verso,
e uma declaração.
ou não:
ficar como amigo,
quero não!
       

06/05/2011

Auto-retrato

Nada como sexta-feira à noite para postar alguma coisa. Ainda mais depois de sentir na pele a mazela social de superlotação de um ônibus intermunicipal, onde os passageiros são obrigados a ficarem em pé e com a possibilidade de movimento apenas na respiração.

O resultado do concurso da Editora UFV saiu e eu ganhei o prêmio de consolação. Meu poema foi classificado mas não ficou entre os três primeiros. Isso demonstra que tenho futuro no ramo, pois além de mostrar que sou ainda mais vanguardista que a banca de professores vanguardistas da UFV ao não ter sido valorizado, este resultado também confirma que pelo menos sei formar frases com sentido e seguindo uma linha de raciocínio, ao contrário dos demais concorrentes que sequer foram classificados. 

Segue o poema que me proporcionou o baixo prazer de se sentir superior, misturado com a frustração de não ter ganhado o dinheiro fácil que sustenta artistas frustrados. Afinal, a minha verdadeira intenção era o dinheiro.




 AUTO-RETRATO

Tremo na cara da dúvida
vomito quando falta controle
desisto enquanto estou tentando
tento quando já desisti.

Engasgo quando mastigo
coloco meus pés nas minhas mãos,
meus olhos, deixo no chinelo,
meu estômago é no lado esquerdo do peito.

Acordo no meio da noite
costumo ficar sem leito,
a La golpe-fantasma,
encolho sem travesseiro.

Me aproximo indiretamente
maquino encontro casual
esperneio pra vir pro meu lado
derrota sem ir pro final.

Engravido antes das beiras
e pairo na falta de métrica.

Pelo menos também tenho sonhos,
desmancháveis nos sonhos alheios
me expresso tossindo seco
vítima corpo-a-corpo
confesso sem (nenhum) receio.

Assim, eis meu retrato:
meu quase-sorriso metálico
meu corpo esquelético
meu rosto cheio de pêlo
minha testa sem cabelo.
      

04/05/2011

Bolo e Circo

Postando novamente um texto antigo, segue a minha homenagem à bela cidade de Ponte Nova e à sua inovadora administração, que manteve por dois anos uma chicane num município do interior de Minas Gerais. Nada como um texto político para afastar leitores e amigos na cidade natal.



Hoje tem palhaçada?
Tem, sim senhor!
É o velho aniversário de Ponte Velha
Nossa (sic) de cada dia...
Então vamos comemorar!
E o que que vai ter de presente?
O governo está dando bolo!
O bolo da defesa do interesse público sobre o privado (um oferecimento da Novelis, entre outros),
O bolo da negociação com os servidores,
O bolo das obras de recuperação da enchente passada (esse está assando há mais de um ano!),
O bolo das festas para todos, condicionadas a valor de entrada,
O bolo da manutenção das ruas e avenidas,
O bolo da cultura, esporte e lazer (bolo homeopático),
O bolo da fiscalização da ocupação de logradouros,
E o bolo do meio ambiente, da poda de árvores e do matagal!
Corram e aproveitem!
Esses bolos sim são “Para Todos”!

02/05/2011

Metáforas

   
Como meus sábios 3 leitores podem perceber, utilizei metáforas nas poesias dos últimos dois posts. Justifico: metáforas são ótimas formas de expressão, consagradas por comparar a pessoa que se quer comer a um meteoro da paixão e a vida a uma infinita highway. 

Além disso, podemos também comprovar a tendência de um mercado melhor para quem faz uso dessa figura de linguagem no nicho do dread, onde não hesita-se nunca em comparar a nossa Sociedade Capitalista-Selvagem-Compro-Logo-Existo com Império da Babilônia. Assim, metáforas bem feitas são um charme.